25.5.09

Tudo se destina ao silêncio

*

Construí a minha casa no mundo dos homens
E no entanto não ouço qualquer eco de cavalos e carroças.
Queres saber como pode isto acontecer?

Um espírito desprendido cria o silêncio à sua volta.
Colho crisântemos perto da sebe.
O ar da montanha é puro neste crepúsculo
E os pássaros, em bandos, voltam aos seus ninhos.
Tudo isto tem um sentido profundo,
Mas, assim que tento explicá-lo,
Ele desaparece por entre o silêncio.

T'ao Ch'ien (365-427), in O Elogio do Silêncio, Marc de Smedt, Sinais de Fogo, 2001
* Chopin - Nocturne in D flat major

6 comentários:

Claudia Sousa Dias disse...

um blog onde está incluída a beleza depurada da estética oriental.


voltarei mais vezes


csd

Magna Santos disse...

Que lindo!
Que boa descoberta nesta manhã de segunda-feira, quando o silêncio agoniza na ruas das cidades.
Ah, despreendimento que nos falta...como seríamos felizes em meio a esse sentido profundo que não precisa de palavras!
Abraço.
Magna

JOSÉ RIBEIRO MARTO disse...

despreendimento: o silêncio intocável ...
grato pela partilha.
___________ JRMARTO

Malina disse...

Cláudia, Magna, Vaandando: estou grata pelas palavras generosas que deixaram. O "Ofício Inquieto" está à beira do silêncio, sim. Como M. afirmou no início. Tudo tem, na vida, esse destino. O desprendimento é uma aprendizagem difícil. Sobretudo se vozes como as vossas o quebram, à queima-roupa. Como hoje.
Obrigada.

Pedro disse...

lindo

que o meu espanto não perturbe
o silêncio espanto

tento fotografia de olhares
são fugidios
como o sentido profundo

e se fotografar o silêncio?

Malina disse...

Mas o Pedro fotografa tão bem o silêncio que mora nas coisas!
Acho que é por isso, também, que aprecio as fotos que faz.

E obrigada.