
Quando alguém parte, tem de deitar
ao mar o chapéu com as conchas
apanhadas ao longo do Verão,
e ir-se com o cabelo ao vento,
tem de lançar ao mar
a mesa que pôs para o seu amor,
tem de deitar ao mar
o resto do vinho que ficou no copo,
tem de dar o seu pão aos peixes
e misturar no mar uma gota de sangue,
tem de espetar bem a faca nas ondas
e afundar o sapato
coração, âncora e cruz,
e ir-se com o cabelo ao vento!
Depois, regressará.
Quando?
Não perguntes.
Ingeborg Bachmann, O Tempo Aprazado (tradução de Judite Berkemeier e João Barrento), Assírio & Alvim, 1992
ao mar o chapéu com as conchas
apanhadas ao longo do Verão,
e ir-se com o cabelo ao vento,
tem de lançar ao mar
a mesa que pôs para o seu amor,
tem de deitar ao mar
o resto do vinho que ficou no copo,
tem de dar o seu pão aos peixes
e misturar no mar uma gota de sangue,
tem de espetar bem a faca nas ondas
e afundar o sapato
coração, âncora e cruz,
e ir-se com o cabelo ao vento!
Depois, regressará.
Quando?
Não perguntes.
Ingeborg Bachmann, O Tempo Aprazado (tradução de Judite Berkemeier e João Barrento), Assírio & Alvim, 1992
Foto de Malina
3 comentários:
...e isto entra-me tudo no cOraçÂO, assim, em diferentes tamanhos...
Malina,
poeta fotógrafa :) linda.
beijos, muitos
sempre gentil, sempre gentil, esta "trintinha" desconstrucionista:-)
beijinho
não sou gentil! sou apenas como sinto.
desconstrucionista, sim. "trintinha", não.
sou dos outros. dos quase "enta" :)
beijinho e obrigada
por refutar Prof. Funes :) tão bem!
soube-me a pouco!
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