Pintura de Graça Morais
RITMOS
E descascar ervilhas ao ritmo de um verso:
a prosódia da mão, a ervilha dançando
em redondilha.
Misturar ritmos em teia apertada: um vira
bem marcado pelo jazz, pas
de deux: eu, ervilha e mais ninguém
De vez em quando o salto: disco sound
o vazio pós-moderno e sem sentido
Ah! hedónica ervilha tão sozinha
debaixo do fogão!
As irmãs recuperadas ainda em anos 20
o prazer da partilha: cebola, azeite
blues desconcertantes, metamorfose em
refogados rítmicos
(Debaixo do fogão
só o silêncio frio)
Ana Luisa Amaral, Minha Senhora de Quê, Quetzal Editores, Lisboa, 1999
*Alison Krauss – Broadway
3 comentários:
Engraçado, Malina, que ao ler o poema da Ana Luísa Amaral e olhar a pintura
me pareceu tão "necessário", evidente, até,
o universo de Graça Morais, aqui!
Muito, no feminino, tudo.
obrigada!
sempre em maré alta!
"Afinidades electivas", em "diferância", como diria o outro:)) Ainda bem que gostou. Fiquei muito contente. Um dia digo-lhe porquê.
beijinho
lá terei de esperar por esse dia, então :)
mas há sintonias, assim, de facto :)
beijinho
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